Causídico alega razões pessoais e réu passa a contar com defensor oficioso
O advogado João Lourenço apresentou ontem à juíza de Direito um requerimento em que manifesta a decisão de deixar de representar o réu João Augusto da Silva Sales Camunhoto “Kota do Bisno”, acusado de participar no assassinato de quatro cidadãos chineses em 2016.
O advogado João Manuel Lourenço apresentou ontem à juíza de Direito um requerimento em que manifesta a decisão de deixar de representar o réu João Augusto da Silva Sales Camunhoto “Kota do Bisno”, acusado de participar no assassinato dos quatros cidadãos chineses no dia 17 de Janeiro de 2016, em Luanda.
Com a desistência do advogado de defesa, que alega razões pessoais, o réu João Augusto da Silva Sales Camunhoto “Kota do Bisno” passa a beneficiar de patrocínio judiciário por parte do Ministério Público, que já indicou um defensor oficioso. O julgamento prossegue hoje, no Tribunal de Luanda.
Nas sessões anteriores do julgamento já foram ouvidos Severino Catchinjonjo, Severino Caminga Pinto, Lucas Ovídio Noé, Leza Coji Camanda e Manuel José Quissua.
Hoje e quinta-feira vão a interrogatório os réus Nataniel Ângelo Gaspar Rodrigues Mingas, João Augusto da Silva Sales Camunhoto “Kota do Bisno” e Júlio Laurindo. Os demais arguidos no processo, que se encontram soltos, vão ser interrogados após a audição dos oito implicados directamente na morte.
A peça da acusação, lida pelo Ministério Público no dia 9 do corrente mês, refere que o réu Nataniel Ângelo Gaspar Rodrigues Mingas contactou Fernando da Silva e Sandra de Almeida para arranjarem pessoas interessadas na compra de um terreno de dois hectares e 400 metros.
Já João Augusto da Silva Sales Camunhoto “Kota do Bisno”, segundo a acusação, manteve vários contactos por telefone com o comparsa Nataniel Ângelo Gaspar Rodrigues Mingas com o objectivo de gizar o plano, em que o primeiro se fazia passar por dono do terreno e pai do segundo.
O “Caso Chineses”, ou “Kota do Bisno”, como também é conhecido, chocou a população angolana em Março de 2016, quando veio a público. Os chineses foram espancados brutalmente e colocados ainda com vida num tanque de água contendo 20 litros de gasolina, ao qual foi ateado fogo.
Os quatro cadáveres foram descobertos por moradores atraídos pelo cheiro nauseabundo que saía do tanque de água. As autópsias e outros exames forenses foram determinantes para identificar os cadáveres de Liu Honpeng, Chen Yunjian, Cheng Songhua e Ye Lingzheng.
O assassinato dos quatro ocorreu depois de terem sido atraídos para um local do bairro Zona Verde, comuna do Benfica, por Nataniel Rodrigues Mingas, que decidiu “calar a boca dos chineses”, por estes terem reclamado insistentemente a entrega de um terreno, que, ao que tudo indica, nunca existiu, e por cuja “venda” teria já recebido 36 milhões de kwanzas dos 120 milhões acertados para a concretização do negócio. Depois do assassinato, os autores, para não deixarem vestígios do acto criminoso no local, queimaram os haveres pessoais das vítimas, com excepção da viatura, mais tarde vendida em Benguela a Isaías António Ferro, que para a adquirir apenas desembolsou um milhão e 50 mil kwanzas.
O comprador da viatura roubada, indiciado pelo crime de roubo qualificado e por falsificação de documentos, conseguiu revender o veículo ao preço de três milhões de kwanzas.
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