Estão em circulação, desde Dezembro, notas de cinco e 10 kwanzas, contrariando a estratégia inicial do Banco Nacional de Angola (BNA) que, desde 2013, previa apenas a circulação de moedas metálicas de igual valor facial, nas transacções de mercado, constatou o VALOR junto de vários agentes económicos em Luanda e Malanje.
De acordo com fontes dos cinco principais bancos, as notas entraram no mercado, através das dependências dos bancos na zona Norte do país, que, entre Novembro e Dezembro de 2016, se queixavam de escassez de moedas e notas de menor valor facial. Às queixas dos bancos juntaram-se às dos operadores durante a quadra festiva.
Uma pesquisa do VALOR apurou que, em Malanje, Uíge, Cabinda e Zaíre, as notas já circulam quase em igual proporção à das moedas. A estratégia dirigida ao Norte ‘furou’ fronteiras até Luanda e Sumbe, no Kwanza-Sul, onde as novas notas também já circulam.
A 18 de Fevereiro de 2013, entraram em circulação as novas moedas metálicas e notas, retirando do mercado a série de 1999. No lançamento da ‘nova familia de kwanzas’ - como passou a ser conhecida a série de 2012 - não se incluiam estas notas, nem o BNA antecipou qualquer introdução progressiva. Actualmente, as moedas e notas de cinco e 10 kwanzas estão a circular ao mesmo tempo e a serem aceites por vários operadores económicos, apesar de alguns resistirem, alegando não ter informação sobre a colocação destas notas no mercado pelo BNA.
O VALOR contactou o Gabinete de Comunicação Institucional do BNA, para apurar a necessidade de introdução dessas notas, e se a aposta nas moedas metálicas foi abandonada, mas, até ao fecho desta edição, não obteve respostas. Nas questões colocadas ao banco central, o jornal questiona ainda o ‘paradeiro’ das moedas nessas regiões e o racional do regresso às notas em detrimento das moedas, sendo que, a nivel nternacional, a producão de moedas é reconhecidamente mais onerosa que a de notas, tendo a vantagem da durabilidade.
Um alto quadro da administração do Banco Angolano de Investimento (BAI) confirmou ao VALOR que, no caso do BAI, o Zaire foi o ponto de lançamento das notas. “Em Luanda, o BAI não colocou essas notas. Mas a operação incluiu mais províncias do Norte”, garante o responsável, citando uma directiva do banco central.
Outra fonte da tesouraria do Banco Millennium Atlântico (BMA), em Luanda, contou ao jornal que as agências receberam da parte da administração autorização para a aceitação das notas durante a quadra festiva, com igual justificação de escassez de moeda de baixo valor facial, e a facilitação de troco para cobrir as províncias do Norte em Dezembro. Segundo a fonte “os bancos não sabiam que as notas estavam a circular em Luanda, porque a orientação era apenas para províncias específicas”.
BFA E BPC EM NOTAS
Os bancos de Fomento Angola (BFA) e o de Poupança e Crédito (BPC) também registaram entrada das notas nas suas agências. “A explicação que recebemos dos nossos admistradores é a do reforço da base monetária em circulação, sobretudo nas províncias do Norte”, disse a fonte da área comercial do BFA, na zona Luanda-Cacuaco.
Aumentar as características de segurança nas notas e moedas e facilitar as relações comerciais entre os operadores económicos foram as justificações do antigo governador do BNA, José de Lima Massano, para o lançamento da ‘família do kwanza’, que integra as moedas metálicas de 50 cêntimos, 1, 5 e 10 kwanzas e notas de 50,100, 200, 500, 1.000, 2.000 e 5.000 kwanzas.
“A emissão de moedas metálicas revela, também, a preocupação do BNA com a manutenção de relações comerciais mais justas. De facto, com as moedas de um baixo valor monetário, os comerciantes retalhistas vão ter maiores possibilidades e mais alternativas na definição do preço dos bens (...)”, sublinhou, na altura, o antigo governador.
Acolhimento das moedas
O grupo de moedas de 50 cêntimos, 1, 5 e 10 Kwanzas integram a série de 2012, assim como as notas de 50, 100, 200, 500, 1000, 2000 e 5000 kwanzas. Do grupo da ‘nova família de kwanzas’, nem todos os membros vingaram. Ou seja, no conjunto do dinheiro colocado em 2013, apenas as notas mantiveram circulação fluída por todo o país. As moedas, cerca de 100 milhoes de unidades introduzidas em 2012 e 2013, tiveram fraca receptividade, segundo agentes económicos, por falta de cultura, por dificuldades de transporte e arrecadação. E as queixas sobre esse meio de pagamento persistem. Também há queixas quanto à circulação da nota de 200 Kwanzas. Desde prinicípios de 2015 que não é vista nas operações de compra e venda. Das reclamações, sobressai também o descontentamento com a qualidade do papel
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