A Amnistia Internacional exortou na quarta-feira as autoridades russas para que investiguem as alegadas práticas de rapto e tortura de homossexuais na Chechénia, tendo lançado uma petição a exigir que os responsáveis sejam levados à justiça.
"A tortura envolve choques elétricos, espancamentos com cabos, todas as pessoas presas são homossexuais ou são vistas como sendo gays", disse a representante da comunidade LGBT na Rússia Natalia Poplevskaya à BBC. "Três mortes foram relatadas. Mais de 30 pessoas foram amontoadas em uma cela", acrescentou.
"A Amnistia Internacional (AI) exorta as autoridades russas a encetarem prontamente investigações eficazes aos relatos e testemunhos avançados há dias pelo jornal Novaia Gazeta de que estão a ser raptadas e torturadas pessoas identificadas como homossexuais, na república federada russa da Chechénia", indicou em comunicado a organização de defesa dos direitos humanos.
A ONG também exige que os responsáveis por "aqueles crimes sejam julgados em procedimentos que cumpram os padrões internacionais de julgamento justo".
Menos de duas horas depois de a versão em Português da petição ter sido lançada, já tinha sido subscrita por mais de 230 pessoas, disse à Lusa uma fonte do gabinete da AI em Lisboa.
A organização considera ser "imperativo" que as autoridades russas tomem "todas as medidas necessárias para garantir a segurança de quaisquer pessoas que estejam em risco de perseguição e violência na Chechénia devido à sua orientação sexual, real ou como é percecionada".
Por outro lado, convida as autoridades russas a "repudiarem nos termos mais fortes possíveis" quaisquer "atitudes e discursos discriminatórios oriundos de responsáveis governamentais".
Para a Amnistia Internacional, o "clima de intolerância e homofobia prevalecente na Chechénia é encorajado pelas próprias autoridades da república" russa.
"Os chamados "crimes de honra" (crimes com motivos discriminatórios) são praticados por todo o Norte do Cáucaso, em especial na Chechénia, com total impunidade.
A Amnistia Internacional considera que as autoridades chechenas estão em negação sobre os testemunhos tornados públicos", indica a AI no mesmo comunicado.
Um porta-voz de Kadyrov falou à Interfax: "Não se pode prender ou perseguir pessoas que não existem aqui. Se tais pessoas existissem na Chechénia, as autoridades não teriam que se preocupar, porque as próprias famílias tratariam de os enviar para sítios de onde já não pudessem voltar", afirmou.
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