terça-feira, 11 de abril de 2017

Coca e Pepsi, tremei: o imposto do refrigerante deu certo

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Única cidade americana que aplicou imposto sobre refrigerante teve queda forte no consumo, mas situação internacional é um pouco mais complicada

 São Paulo – Berkeley, na Califórnia, é a única cidade dos Estados Unidos que já implementou um imposto sobre bebidas açucaradas como refrigerantes e chás doces.
A taxa é de um centavo por onça (cerca de 30 mililitros), o que acaba dando cerca de 20 centavos de dólar para uma garrafinha de 600 ml. 
A cobrança foi aprovada pelos eleitores em novembro de 2014, entrou em vigor em março de 2015 e já dá sinais de estar funcionando.
Um estudo publicado no American Journal of Public Health nessa terça-feira comparou o consumo de refrigerante em bairros de baixa renda da cidade entre abril e julho de 2014 e abril e agosto de 2015 .
O resultado: queda de 22% no consumo, enquanto áreas com perfis similares nas vizinhas São Francisco e Oakland tiveram alta de 4% no mesmo período. Os mecanismos não estão claros:
“Não sabemos se a redução é resultado do aumento de preços ou um reflexo da maior conscientização resultante de uma campanha bem-sucedida sobre o imposto”, diz Jennifer Falbe, pesquisadora de pós-doutorado da Escola de Saúde Pública da University of California-Berkeley, que liderou o estudo.
Iniciativas
Em junho, um imposto do refrigerante foi aprovado na Filadélfia, a mais pobre das grandes cidades americanas. Pesou também um incremento estimado de US$ 91 milhões na arrecadação com destino carimbado para a educação.
Dezenas de cidades americanas já tentaram e fracassaram ao tentar implementar impostos do tipo.
Quando era prefeito de Nova York, o bilionário Michael Bloomberg tentou – sem sucesso – banir refrigerantes gigantes na cidade. 
Países como Noruega, França e Finlândia também tem taxação extra sobre bebidas com açúcar. O Reino Unido aprovou o seu em março, mas o caso mais curioso é do México.
O país é o maior consumidor de refrigerante per capita do mundo – quase meio litro por dia, em média – e já ultrapassou os Estados Unidos como o país mais obeso do planeta.
Os primeiros números depois do novo imposto mostravam uma queda forte no consumo, mas recentemente houve nova alta – alívio para os fabricantes do setor, que gastam milhões em campanhas e recursos contra os novos impostos.
Uma das críticas comuns a essas taxas é que elas são regressivas já que os mais pobres são os principais consumidores de refrigerante (mesmo caso do cigarro).
Acontece que as doenças também são “regressivas” e mais comuns nessa faixa da população, que sofrem com o problema adicional de falta de tratamento.
No final, o sucesso ou fracasso só poderá ser avaliado no longo prazo, quando ficarem claros os efeitos desses impostos sobre a obesidade e a saúde pública.
Desde que chegaram ao mercado, Coca-Cola e Pepsi rivalizam pela maior fatia de consumidores, não se limitando aos refrigerantes e estendendo a briga a segmentos como chás, sucos e energéticos. Acirrada, a disputa se reflete na mídia na forma de comerciais ousados em que não é raro uma marca recorrer à justiça, ofendida com a atitude da outra. Mais comum nos Estados Unidos, onde a tática é culturalmente mais aceita, a estratégia provocativa das empresas tem rendido vídeos fantásticos ao público que admira peças publicitárias.

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