Cinco dos 31 bancos registados no Banco Nacional de Angola (BNA) apresentam problemas de incumprimento e de solvabilidade, ou mesmo de “falência técnica” no seu sistema operacional, revelou o governador Valter Filipe, ao responder às perguntas dos deputados à Assembleia Nacional na semana passada.
Sem avançar nomes das instituições em causa, nem mesmo as áreas mais afectadas pelos incumprimentos dos bancos, o governador do banco central disse que a actuação das entidades visadas tem reflexos em todo o sistema financeiro nacional, além de prejudicar a imagem da banca junto das autoridades internacionais.
Questionado sobre o actual quadro de reestruturação por que passa o Banco de Poupança e Crédito (BPC), e sobre os elevados índices de malparado durante a gestão do antigo presidente do conselho de administração, Paixão Júnior, Valter Filipe apontou “falta de ponderação” na saída de créditos e um “histórico de uma gestão corporativa que não facilitou o controlo interno no maior banco comercial angolano em activos e carteira de clientes.
“O Estado vive uma situação de incumprimento com muitas empresas a que foram concedidos créditos pelo banco BPC. E esta situação impactou sobremaneira na balança do BPC na sua liquidez e no rácio de solvabilidade”, explicou o governador.
Valter Filipe reconheceu também a incapacidade dos bancos de dar resposta às solicitações de clientes com depósitos em moeda estrangeira, justificando com o quadro de crise e com as restrições que os reguladores internacionais impuseram sobre venda de divisas a Angola.
“Existe um problema de incapacidade de autorização de levantamento de moeda externa para os depositantes, porque o BNA não tem condições de disponibilizar divisas necessárias para que os bancos comerciais possam autorizar levantamento aos particulares”.
Sinais de melhoria Apesar das restrições no acesso a divisas, e avaliações sobre a capacidade operacional do sistema financeiro nacional, que diz correr “risco de entrar em colapso” Valter Filipe mostra-se confiante de que “as coisas estão a correr bem junto das instituições estrangeiras”, tendo dado exemplo de contactos feitos com o Banco Central Europeu (BCE) para a inserção de Angola na lista de bancos parceiros daquela autoridade monetária.
O relatório de balanço da última visita do Fundo Monetário Internacional (FMI) confirma as declarações de Valter Filipe.
“O BNA apertou as condições de liquidez desde Junho último, e inflação mensal está a começar a ceder. Além disso, o maior volume de venda de divisas por parte do BNA aliviou alguma pressão no mercado cambial”, elogia o Fundo, para que esses sinais possam ajudar na recuperação dos correspondentes bancários que deixaram o país.
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