Pouco mais de 2.000 alunos, nos vários níveis de ensino, regressaram às aulas na Escola Portuguesa de Luanda em setembro, mas a crise em Angola tirou neste ano letivo quase 200 estudantes à instituição face ao anterior. Quem o afirma é direção da Cooperativa Portuguesa de Ensino em Angola, que gere a escola, no âmbito do contrato com os governos de Portugal e de Angola, e que completou a 05 de outubro 30 anos de ensino português na capital angolana.
"Houve uma ligeira quebra de alunos, muitos pedidos de transferências [para outras escolas, públicas], dada a situação económica e financeira do país. E sobretudo com as dificuldades em fazer transferências, dos portugueses que trabalham cá", admitiu, em declarações à Lusa, Helena Melo, presidente do conselho pedagógico da escola.
"Mas, para além disso, também era nosso objetivo diminuir um pouco o número de alunos e conformá-lo às instalações que temos", acrescentou a responsável.
A escola estima agora um máximo de 24 estudantes por cada turma. "Quanto mais baixo o ciclo de ensino, maior o número de alunos", reconhece.
Num ano em que se agravaram as dificuldades financeiras em Angola, devido à forte quebra nas receitas petrolíferas, a escola conta neste ano letivo com os mesmos cerca de 130 professores que iniciaram as aulas em 2015. Envolve desde a educação pré-escolar até ao ensino secundário e com todos os cursos científico-humanísticos, apesar da dificuldade no recrutamento de professores sentida este ano.
As dificuldades financeiras e cambiais atuais tornam Angola um país menos atrativo para os docentes - a esmagadora maioria de nacionalidade portuguesa -, com a escola a ter ainda três professores por colocar, mas que estão "em vias de contratação", segundo a direção.
"A questão cambial vai afetando a relação com os professores. Que na verdade não é só um problema da escola, mas do país em geral, neste momento", conta, por seu turno, Mário Nélson Santos, presidente da mesa da assembleia-geral da Cooperativa Portuguesa de Ensino em Angola, que gere a Escola Portuguesa de Luanda.
Segundo a direção, a maioria dos 2.010 alunos que começaram a frequentar as aulas naquela escola em setembro - que segue o currículo português, quando em Angola o ano letivo começa em fevereiro - têm dupla nacionalidade, portuguesa e angolana.
A falta de divisas em Angola provocou limitações também na aquisição dos manuais escolares, que têm de ser importados de editoras em Portugal. A situação obrigou mesmo pais e encarregados de educação a terem de comprar os livros em Portugal, transportando-os depois para Luanda, com meios próprios.
"Uma parte dos manuais foi adquirida pela escola e depois distribuímos aqui. Os restantes foram responsabilidade dos encarregados de educação. Mas arranjou-se solução", justifica Mário Nélson Santos.
Entre os objetivos da direção da escola e da cooperativa conta-se a profissionalização dos professores angolanos, cujo peso ainda é diminuto, e o reforço do estabelecimento de ensino, que funciona no centro de Luanda, enquanto "referência do ensino no país".
Segundo informação disponibilizada pelo Ministério da Educação e Ciência de Portugal, além da Escola Portuguesa de Luanda, também o Colégio Português de Luanda e o Colégio São Francisco de Assis, ambos na capital, e a Escola Portuguesa do Lubango (sul), funcionam em Angola com o currículo português.
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