"O humor nunca é uma guerra pessoal", explica o comediante.
Nestes últimos dias, António Raminhos tem estado nas bocas do mundo por causa de uma troca de comentários/piadas com Ricardo Quaresma. Algo que inicialmente começou como uma brincadeira, mas que rapidamente passou a ser polémico por causa da reação negativa de alguns internautas.
Por esta razão, António Raminhos decidiu escreveu uma “carta aberta a todos os que gostam de humor”. Apesar de “não gostar muito de falar a sério”, o humorista tomou essa iniciativa.
“Ainda ontem falei com o amigo de profissão que me contou que tem sido atacado de forma grosseira. No Brasil outro amigo meu tem um novo processo, o Ricky Gervais viu um par de pessoas saírem de um espetáculo por causa de uma piada e a fazerem queixa. O Rui Sinel de Cordes leva sempre por tabela. Vivemos uma época de caça às bruxas, mas às erradas. Acho que falo por 95% de quem vive da comédia quando digo: ‘meus, são só piadas!’”, começou por dizer Raminhos na sua página do Facebook.
“É óbvio que as pessoas vão rir-se do que lhes é alheio e sentir o que lhes é próximo agora isso não quer dizer que não tenha piada! Há gajos de humor que adoro e amigos meus não acham nada de especial e há o contrário. Há piadas que rio outras nem por isso, mas não vou achar que aquele comediante é uma besta por ter dito isto ou aquilo. São só ideias, são só piadas. Não somos políticos, jornalistas opinion makers, críticos sérios ou figura de Estado”, explica Raminhos, referindo ainda que se “preocupa” mais com “gajos que são sérios e íntegros e politicamente corretos e depois batem nas mulheres, roubam, drogam-se, ofendem a família”.
“Quem faz humor limita-se a ver as coisas de modo diferente e criar impacto com aquilo que diz: pode ser riso, pode ser gargalhada, pode ser desconforto com riso... pode ser muita coisa. Agora nuca é real, são só piadas”, frisa.
Na mesma publicação, o humorista revelou ainda algumas curiosidade sobre si, para que as pessoas percebam o seu ponto de vista.
“O meu tio foi comandante dos bombeiros, outro GNR, o meu padrinho padre, tive um irmão deficiente, faço voluntariado, sou dador de medula, já passei noites bem divertidas em bares gay e não é isso que me impede de brincar com qualquer um destes temas. Sou quase vegetariano e gozo com vegetarianos. Brinco com os pais alternativos e defendo essas escolas. Se não me engano, o Rui Sinel de Cordes teve pessoas muito próximas que morreram com cancro e não é isso que o impede. Se eu gosto ou não? Não interessa, há quem goste! E não é por mal, são só piadas!”, reforça.
Segundo António Raminhos, “quem faz comédia está a cagar-se para quem é preto, branco, amarelo, hétero, gay, gordo, magro, rico, pobre”. “O humor nunca é uma guerra pessoal! Isso não quer dizer que sejamos contra qualquer uma dessas ideias ou modos de vida”, continua.
O comediante refere ainda que todos podem “protestar” quando não gostam de uma piada. No entanto, não devem fazê-lo de maneira ofensiva.
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